Autor: Cassio Pessoa Araújo
Hoje a Igreja da Sé do Pará, está em festa pelo 130º aniversário de dedicação deste magnifico templo, que temos a alegria e o privilegio de contempla-lo. Datado do ano de 1892, a sagração da igreja da Sé do Pará, foi marcada pela nobre dignidade que o rito pede, e ornada de uma beleza sem igual como relaram os antigos curas da Sé.
Nas cerimônias de Dedicação de uma Igreja, temos presente no rito, as unções que exalam aquele belo e agradável odor do qual todos somos chamados a exalar, o odor de Cristo (2Cor 2,15). O incenso, a fumaça que sobe aos céus são as nossas orações, nossos pedidos elevados ao Pai. A iluminação: Cristo é a Luz que ilumina, a Luz por excelência que nos tirou da escuridão, por Ele somos iluminados, por Ele também iluminaremos onde chegarmos, levando a luz que é Cristo.
Por fim, o rito de dedicação de uma igreja diz muito da nossa fé. E cada vez que entrarmos na igreja Catedral de Belém, tenhamos o devido respeito, amor por cada espaço daquele local, é um local sagrado, onde Deus manifesta a Sua glória e misericórdia, um local de encontro com o Pai por meio de Jesus Cristo no Espírito Santo, lugar de falar e de ouvir a Deus, lugar de celebrar, de pedir, de dar graças por tantos benefícios vindos do Alto.
Celebrar a cada ano o dia da dedicação deste templo edificado para o louvor dos homens a Deus, realça a importância e a dignidade da Igreja local, o Ofício do Aniversário da Dedicação da Igreja Catedral tem grau de solenidade na própria igreja catedral e de festa nas outras igrejas da diocese. (Cf. Diretório Litúrgico nn. 2 e 26)
A Catedral Metropolitana de Belém, que tem o patrocínio de Nossa Senhora de Belém, padroeira da Cidade e da Arquidiocese de Belém do Pará é um dos mais belos templos do Brasil com a imponência da arquitetura, a arte religiosa e a riqueza sóbria do seu interior. Riqueza esta empreendidas por Dom Antônio de Macedo Costa, que realizou inúmeras reformas no seu interior, como a construção de um retábulo para o novo altar-mor, altares colaterais e abóbadas, novos púlpitos, para vento, bancada ou cadeiral dos cônegos – estalas – e piso em mármore. O novo altar-mor, de mármore e alabastro, veio de Roma como oferta do Papa Pio IX, e foi esculpido por Luca Carimini em estilo neoclássico. E também, foi encomendado um grande órgão, da oficina do francês Aristide Cavaillé-Coll, instalado em 1882, tornando-se o maior órgão desta oficina na América Latina. A grande obra de embelezamento iniciada no ano 1881, tem sua conclusão em 1892, já no governo pastoral de Dom Jerônymo Thomé da Silva, que anunciou a reinauguração e dedicação da Igreja da Sé, para o dia 30 de abril do mesmo ano.
Para a ocasião foram encomendados preciosos paramentos com “tecidura de seda e ouro”, completo para uso nos solenes pontificais, também inaugurado na solene Dedicação um jogo de “alfaias lavradas em metal reluzente, amarelo, com gravações das armas episcopais de Dom Jerônimo”. Entre estes, algumas peças estão expostas no museu da Catedral de Belém (ver fotos).
Um fato curioso sobre a Dedicação da Catedral de Belém, é que pela primeira vez na história da Igreja de Belém, estiveram presentes para uma cerimônia, 3 bispos reunidos. Foram eles: Dom Antônio Cândido de Alvarenga, bispo do Maranhão; Dom Joaquim José Vieira, bispo do Ceará; e Dom Jerônymo Thomé da Silva, bispo do Pará e presidente da solene celebração. Prestigiaram também a cerimônia, o corpo capitular, o clero secular e regular, irmandades e associações religiosas, autoridades civis e militares. Neste dia, a Diocese de Belém foi solenemente consagrada à Santa Maria de Belém. O Bispo do Pará concedeu ainda, a possibilidade de Indulgência Plenária durante a festa da Dedicação da Catedral. De 1892 para cá, são 130 anos da dedicação deste templo, que hoje podemos contemplar a magnífica obra de valor artístico e religioso. Esta mesma Igreja Paroquial que, cumulativamente, exerce o titulo de Igreja Catedral de nossa Arquidiocese, se constitui como uma sentinela constante da fé do nosso povo, que sempre olhando para o horizonte, vislumbra um novo ser Igreja. Que sob a proteção de Santa Maria de Belém e Santa Maria da Graça a chama da Fé jamais desapareça e se revigore continuamente, para continuar a evangelização em nossas terras amazônicas. Que possamos renovar sempre o desejo de ser de Deus e, que a Virgem de Belém, nossa padroeira, interceda sempre por esta Igreja Particular de Belém.
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Fontes: LEAL, Américo Leal. A Igreja da Sé. Belém: Falangola editora, 1979. ROCHA, Hugo de Oliveira. A Catedral de Belém. Belém: Falangola editora, 1992.