Autor: Cassio Pessoa Araújo
Coordenador do Clube dos Acólitos de São Tarcísio
A Catedral Metropolitana de Belém, que tem o patrocínio de Nossa Senhora de Belém, padroeira da Cidade e da Arquidiocese de Belém do Pará é um dos mais belos templos do Brasil com a imponência da arquitetura, a arte religiosa e a riqueza sóbria do seu interior. Sua origem remota foi a pequena ermida coberta por palha que, Francisco Caldeira Castelo Branco, fez erguer no Forte do Presépio, em 1616, sob o orago de Nossa Senhora da Graça, e em 1617 esta pequena igreja é elevada a dignidade Paroquial e, logo após a elevação, é transferida para o local onde, atualmente, se encontra o templo.
Com a criação da Diocese de Belém do Pará (Dioecesis Belemensis de Para) em 04 de março de 1719, pelo Papa Clemente XI, por meio da bula Copiosus in Misericordia, surge então à necessidade da construção de uma Igreja Catedral para a nova Diocese. Sendo assim, em 1748, iniciou-se a construção da atual catedral, prosseguindo a obra até 1755, finalizada até o arco-cruzeiro. Em fevereiro do mesmo ano o então bispo do Pará D. Frei João Evangelista, em solene cerimônia assistido pelo cabido e demais ministros pertencentes à Catedral, benzeu a dita capela-mor. A partir deste período, o arquiteto italiano Antônio Landi, assumiu a obra entregando o templo praticamente pronto, sob linhas do estilo barroco-colonial e neoclássico, por volta do ano de 1774.
Com a promessa de tornar a Igreja da Sé em um templo mais suntuoso ainda, o X bispo do Pará, Dom Antônio de Macedo Costa, realizou inúmeras reformas no seu interior, como a construção de um retábulo para o novo altar-mor, altares colaterais e abóbadas, novos púlpitos, para vento, bancada ou cadeiral dos cônegos – estalas – e piso em mármore. O novo altar-mor, de mármore e alabastro, veio de Roma como oferta do Papa Pio IX, e foi esculpido por Luca Carimini em estilo neoclássico. Os altares laterais expõem telas do pintor Domenico de Angelis. E também, foi encomendado um grande órgão, da oficina do francês Aristide Cavaillé-Coll, instalado em 1882, tornando-se o maior órgão desta oficina na América Latina. A grande obra de embelezamento iniciada no ano 1881, tem sua conclusão em 1892, já no governo pastoral de Dom Jerônymo Thomé da Silva, que anunciou a reinauguração e dedicação da Igreja da Sé, para o dia 30 de abril do mesmo ano.
Um fato curioso sobre a Dedicação da Catedral de Belém, é que pela primeira vez na história da Igreja de Belém, estiveram presentes para uma cerimônia, 3 bispos reunidos. Foram eles: Dom Antônio Cândico de Alvarenga, bispo do Maranhão; Dom Joaquim José Vieira, bispo do Ceará; e Dom Jerônymo Thomé da Silva, bispo do Pará e presidente da solene celebração. Prestigiaram também a cerimônia, o corpo capitular, o clero secular e regular, irmandades e associações religiosas, autoridades civis e militares. Neste dia, a Diocese de Belém foi solenemente consagrada à Santa Maria de Belém. O Bispo do Pará concedeu ainda, a possibilidade de Indulgência Plenária durante a festa da Dedicação da Catedral.
De 1892 para cá, são 129 anos da dedicação deste templo, que hoje podemos contemplar a magnífica obra de valor artístico e religioso. Esta mesma Igreja Paroquial que, cumulativamente, exerce o titulo de Igreja Catedral de nossa Arquidiocese, se constitui como uma sentinela constante da fé do nosso povo, que sempre olhando para o horizonte, vislumbra um novo ser Igreja. Que sob a proteção de Santa Maria de Belém e Santa Maria da Graça a chama da Fé jamais desapareça e se revigore continuamente, para continuar a evangelização em nossas terras amazônicas. Que possamos renovar sempre o desejo de ser de Deus e, que a Virgem de Belém, nossa padroeira, interceda sempre por esta Igreja Particular de Belém.
_________________________
Fontes: LEAL, Américo Leal. A Igreja da Sé. Belém: Falangola editora, 1979. ROCHA, Hugo de Oliveira. A Catedral de Belém. Belém: Falangola editora, 1992.